Em Saudosa Maloca, Adoniran Barbosa denuncia o avanço imobiliário devastador que toma conta de São Paulo desde início do século XX.
Ao contrário de boa parte da obra de Adoniran (em que a poesia se apóia sobre frases musicais curtas), Saudosa Maloca se desenvolve em uma extensa melodia, que “vai sempre em frente”, nos moldes de um samba-enredo.
Atrelados ao longo discurso e em perfeita sintonia, os versos desfilam poesia enquanto mantêm a expectativa no acompanhar da história. O retrato da maloca que é destruída para dar um lugar a um “adifício arto” é sintomático e espelha as injustiças sociais que podem se acirrar, principalmente com o chamado “progresso”.
Versos como “cada táuba que caía doía no coração” e “Deus da o frio conforme o coberto” continuam atuais e retratam, mais de 50 anos depois, cenas comuns à São Paulo de 2010.
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João Rubinato (1910) nasceu em Valinhos e está para o samba de São Paulo assim como Noel Rosa está para o do Rio de Janeiro. Com vocação para ator, locutor e compositor, cria seus personagens e dentre eles o próprio “Adoniran Barbosa”. Idealiza e sintetiza um linguajar híbrido - meio malandro negro, meio italiano do bairro do Bexiga - e alcança enorme sucesso especialmente na voz dos Demônios da Garoa.
Adoniran representa uma outra vertente do samba paulista, o samba italiano. Utilizando sua fala dialetal ítalo-brasileira, Adoniran narra o cotidiano paulista, as relações de amor e amizade e mapeia locais nos subúrbios a partir de suas canções.
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