Silêncio no Bexiga discorre sobre a morte de Walter Gomes de Oliveira, o Pato N’água, diretor de bateria da Vai-Vai, assassinado pela polícia em 1969. Seus versos levantam e sintetizam questões fundamentais quando tratamos da eleição de representantes de nossa cultura. Na maioria das vezes, na cultura popular, parte da produção artística que não foi registrada em gravações e divulgada pelos meios de comunicação pode se perder com a morte de seus protagonistas.
Geraldo Filme mostra o lado da cultura negra paulista. O Samba Paulista. Um samba com traços caipiras no sotaque, no uso da viola, nas fusões rítmicas, no som do terreiro. Tem traços do preto caipira que foi o Geraldo, nascido em São João da Boa Vista. Traços estes que se comunicam com os sambas de lenço e de umbigada do interior paulista.
Voltar
Nascido em São João da Boa Vista, no interior paulista, Geraldo Filme (1928 - 1995) veio pequeno para a Capital. O pai tocava violino, mas foi com a avó que conheceu os cantos de escravos que influenciaram sua formação musical.
Sua mãe tinha uma pensão nos Campos Elíseos e fazia marmitas que o menino Geraldo entregava em toda a região. Na Barra Funda, bairro vizinho, passava um bom tempo nas rodas de samba e tiririca (capoeira) que os carregadores improvisavam, no Largo da Banana.
Compôs o primeiro samba (Eu Vou Mostrar) com 10 anos de idade. Sua mãe fundou o primeiro cordão carnavalesco formado só por mulheres negras, que futuramente iria se transformar na Escola de Samba Paulistano da Glória.
Geraldo tem o nome ligado à história do Carnaval paulista. Respeitado e querido por todas as escolas, marcou presença na Unidos do Peruche, para quem compôs sambas-enredo, mas é lembrado principalmente por sua ligação com a Vai-Vai. O samba "Vai no Bexiga pra Ver" tornou-se um hino da escola, e "Silêncio no Bexiga" homenageia um célebre diretor de bateria da Vai-Vai, o Pato N’Água. Com o samba-enredo "Solano Trindade, Moleque de Recife" levou a escola ao título de campeã.
Leia mais em “Samba & Choro”