Gravada na década de 1950 por Luizinho e Limeira, este cururu só alcançou sucesso nacional na voz de um cantor da Jovem Guarda, Sérgio Reis. Este grande intérprete acertou ao mudar de segmento musical e eternizou diversos clássicos dentre os quais Menino da Porteira é o mais celebrado.
Nos anos 1960 a música sertaneja esbarra na jovem guarda e esta fusão, aos olhos das gravadoras, era interessante para atingir um público que não se identificava totalmente com a música sertaneja: os filhos dos migrantes. Esses jovens viviam a idiossincrasia de ter uma educação tradicional em casa e uma diferente na rua, na escola e no trabalho. Assim, o mercado fonográfico apostou na mistura desses dois segmentos e mirou neste público.
Menino da Porteira mexe com os corações dos brasileiros toda vez que é tocada. Um verdadeiro hino, uma história que emociona a todos, e mais ainda do homem do campo.
Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino
de longe eu avistava a figura de um menino
que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo:
- Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo.
Quando a boiada passava e a poeira ia baixando,
eu jogava uma moeda e ele saía pulando:
- Obrigado boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando
pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando.
Nos caminhos desta vida muitos espinhos eu encontrei,
mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada o menino não avistei.
Apeei do meu cavalo e no ranchinho a beira chão
Ví uma mulher chorando, quis saber qual a razão
- Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão!
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração!
Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem
quando passo na porteira até vejo a sua imagem
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem.
A cruzinha no estradão do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais
Nem que o meu gado estoure, e eu precise ir atrás
Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais.
É considerado um dos compositores mais famosos do Brasil, tendo deixado mais de 200 composições gravadas. Sem dúvidas a sua principal obra foi ‘Menino da Porteira’, sendo um sucesso sertanejo regravado inúmeras vezes.
Cursou o ensino primário em Itapetininga e em seguida transferiu-se para São Paulo, onde concluiu o secundário no Colégio João Kophe e Oswaldo Cruz.
Fez a primeira composição aos 18 anos, foi funcionário público, e aos 22 começou a trabalhar na Colúmbia, da qual foi diretor artístico.
Em 1950, teve a sua primeira composição gravada pela dupla Tonico e Tinoco, a moda de viola “Violeiro Casado”, em parceria com Tonico.
Em 1952, Zé Carreiro e Carreirinho gravaram a moda de viola “Irmão do Ferreirinha”, parceria de Teddy com Carreirinho. No mesmo ano, Palmeira e Luisinho gravaram a moda de viola “Caçada do pardo”, de Teddy Vieira e Luisinho.
Em 1953, Vieira e Vieirinha lançaram a moda de viola “Roubei uma casada”, primeiro sucesso de uma das mais afamadas duplas de compositores sertanejos, Teddy Vieira e Lourival dos Santos.
Luís Raimundo, o Luizinho nasceu em São Paulo-SP em 1916 e faleceu também na capital paulista em 1983.
Luizinho iniciou sua carreira artística no ano de 1939 cantando em dupla com Mariano (o mesmo da célebre dupla "Caçula e Mariano", que fazia parte da Turma Caipira de Cornélio Pires). Desfeita a dupla com Mariano, Luizinho passou a cantar em dupla com Diogo Mulero, o Palmeira, no período que se extendeu de 1946 a 1952.
"Palmeira e Luizinho" foram então contratados pela Rádio Tupi de São Paulo-SP e pela gravadora Continental (hoje Warner Music), na qual lançaram o primeiro disco com as músicas "Cavalo Preto" (Anacleto Rosas Júnior) e "Boiadero Bão" (Anacleto Rosas Jr. e Arlindo Pinto). Na mesma gravadora também fizeram sucesso com os clássicos "Burro Picaço" (Anacleto Rosas Jr. e Geraldo Costa), "Baldrana Macia" (Anacleto Rosas Jr. e Arlindo Pinto) e "Paraná do Norte" (Palmeira).